Pesquisa da USP diz que em 13% dos casos a doença é grave.
O aborto pode afetar seriamente a saúde psíquica das mulheres. Uma pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, vinculada à USP (Universidade de São Paulo) com 120 mulheres que passaram por aborto indica que mais da metade apresentara algum nível de depressão e a maioria sofre de baixa a média estima pessoal.
Mariana Gondim Mariutti Zeferino, autora do estudo, disse à Agência USP de Notícias que os resultados “indicam que as equipes de saúde precisam buscar cada vez mais políticas públicas para prevenção da gravidez indesejada”. Os dados indicam que 75% dessas mulheres não planejaram a gravidez, mas mesmo assim não usavam meios contraceptivos.
O estudo foi realizado entre agosto de 2008 e setembro de 2009, com mulheres internadas em um hospital público do interior do Estado de São Paulo, com diagnóstico de abortamento. Mariana detectou que 57% delas apresentavam sinais indicativos de depressão, sendo que em 33% os sintomas eram leves e prolongados e 22% eram moderados. Em 13% dos casos a depressão era grave.
Segundo a pesquisadora, estudos anteriores já mostraram que o aborto pode ter relação com depressão antes e após a ocorrência, mesmo no longo prazo.
A maioria das mulheres do estudo é jovem, solteira e com relacionamento estável, católica, com poucas atividades de lazer, sem fonte de renda própria, sem casa própria, mas com residência fixa há mais de um ano. A maioria delas também não teve problemas de relacionamento e de violência na gravidez. Entretanto, as que tiveram problemas relataram uso de álcool e drogas na família. Os dados revelaram, ainda, associação entre violência familiar e aborto provocado.
Entre as que apresentaram sinais de depressão, a maioria declarou-se solteira, trabalham, com mais de 40 anos de idade e tem religião.
Mariana diz que o fato de muitas dessas mulheres terem parceiro, trabalho, religião, situação financeira estável e apoio familiar mostrou-se como um fator de proteção significativo em relação à depressão.
R7