Entre copos e copos de Amarula (ela bebe mais de duas garrafas em cada show), palavrões, gírias, “capelas” cantadas pela metade e muita gargalhada, Tatiana dos Santos Lourenço, mais conhecida por Tati Quebra Barraco, recebeu o iG para um bate papo.
Pouco antes de um show em São Paulo, com o mesmo repertório recheado de sexo, palavrão e letras de duplo sentido que a fizeram famosa em 2004, Tati falou sobre a vida nos palcos, no papel de mãe e no de avó.
Ainda com uma agenda intensa de apresentações – talvez não mais em festinhas particulares de famosos e do hi-society, mas em clubes alternativos e da periferia -, Tati conta que faz questão de investir nos estudos dos três filhos e do neto, algo que ela não teve. “E não tive porque não quis. Hoje me arrependo muito (de não ter estudado) porque não sei nem dar autógrafo. Quando me pedem, aviso que não sei escrever e falo: “é de coração, então não me pergunta o que tá escrito”.
As idolatradas tatuagens de Tati Quebra Baraco: no braço direito a palavra “Jesus Cristo”. No do esquerdo, a frade, “Tati, Sou Fiel”. Confira a entrevista:
iG: É verdade que você virou evangélica?Tati Quebra Barraco: Que história é essa de que virei evangélica? De c* é rola! Na verdade tem umas pessoas da minha família que são crentes e em 2009 comecei a fazer culto evangélico na minha casa e as pessoas acham que eu virei cristã. Não vou na igreja, não virei crente, só faço culto. O que passa no meu coração, só Deus sabe.
iG: Como são os cultos?Tati Quebra Barraco: Meu culto é com muita comida. E quando eles vão embora, aí começa a festança. Sempre fiz e gosto muito de festas, com funk e cerveja, na humildade, com mais de seiscentas caixas de Skol.
iG: O que mudou na Tati Quebra Barraco depois que você começou a fazer esses cultos?Tati Quebra Barraco: A Tati Quebra Barraco é uma coisa e a Tatiana é outra. A diferença é que no palco eu quebro tudo e na vida pessoal eu cozinho, tenho responsabilidade com filhos, acordo às seis horas da manhã, levo as crianças pra escola. Sou casada há nove anos com meu marido que é segurança. Sou fiel… a Jesus Cristo.
No palco, Tati Quebra Barraco agita a galera chacoalhando o “popozâo” iG: E você é fiel a ele?Tati Quebra Barraco: Sou a rainha da putaria e do funk. Fui mulher de muitos homens, mas de amor, só do meu marido. Não é à toa que cada filho tem um pai diferente. Minha filha vai fazer 19 anos, e já tem a neném, tenho um filho de 15 anos, que fica com minha mãe, Sônia, e a pequena de 8 anos, a Mila, vai pra outra mãe de criação, que cuidava dela porque eu trabalhava muito. Eu sou isso aí.
iG: Que regras você impõe para eles?Tati Quebra Barraco: Tipo assim, atrasou na escola, meto a porrada, não tem essa. Hoje pago escola particular, vai perder a hora? Não pode. O meu filho Iuri, me puxou, não gosta de estudar. Tenho que fazer algo por eles que eu não tive. Me arrependo muito, porque não sei nem dar autógrafo. Quando me pedem, eu aviso que não sei escrever e falo: “é de coração, então não me pergunta o que tá escrito”.
iG: E você deixa eles escutarem a sua música?Tati Quebra Barraco: Se eu não deixar vão escutar em outro lugar. Quero viver bem com minha família. Acho que a Mila, minha filha mais velha, vai cantar. Mas não funk, ela é de enrolar a língua (se referiu ao inglês), tocar violão.
Sem blusa, e só de colant, Tati Quebra Barraco se quebra no palco. “Tenho mais celulite na bunda, parece que eu fui fuzilada. Mas tudo bem, se não tiver, não é mulher” iG: De onde vem sua inspiração?Tati Quebra Barraco: A minha inspiração veio depois de três meses sem quebrar o barraco. E quebrar o barraco é fuder. Aí comecei a brincar na comunidade (pausa para ela cantar “então é sóóóó´me comendooooo, vem, alisa meus coxãaaaao, mão nos meus peitinhuuuu, me chama de cachorra que eu faço au au). Eu tava gorda pra caralho naquela época, o cabelo assim né, no coco, pouca telha. Comecei a cantar tinha dezessete anos. Estou com 32, fui mãe com 13, avó com 29 e tô aí, quebrando tudo e mais um pouco.
iG: Qual artista internacional você admira?Tati Quebra Barraco: Se eu tiver que gravar com alguém, vou ser sincera: sou fã da Thalia (cantora mexicana). Amo a “Maria do Bairro”. Quando ela manda aquela jogada das costelas, quebra aqui, quebra lá… ai, só pai mesmo! Das duas às cinco horas da tarde não atendo telefone, não dou entrevista, não falo com ninguém. Começo vendo “Marissol”, depois “Pícara Sonhadora” e vem “Maria do Bairro” (reprises que passam uma seguida da outra no SBT). Gosto também da “Usurpadora”. Eu amo o México, tá? Um dia vou chegar lá. A Thalia é linda para caralho, nunca vi mulher pra barrar ela. Não tem Beyoncé certa praquela mulher ali. Um dia a gente se encontra… Não gosto muito de sonhar, não.
iG: Chegou a ficar rica?Tati Quebra Barraco: Eu comprei um apartamento no Tatuapé, no Anália Franco, mas me desfiz. Agora, eu rica? De cú é rola! É mentira. Moro perto da Cidade de Deus e é uma casa bacana. Me dei esse luxo. Fui nascida e criada lá, mas não sou muito querida por alguns, porque você sabe como é mulher, né? Abafa o caso! Eu tô bem sucedida e agora pretendo fazer pela minha família. Não vou falar muito em dinheiro, mas estou bem. Muito dinheiro é a Beyoncé, o Jay-Z, a Xuxa… O Silvio Santos, que caga é ouro, né? Esse tem.
iG: Qual foi sua maior extravagância em relação a dinheiro?Tati Quebra Barraco: Não me ligo em bolsa, essas coisas. Me ligo mais em festas e roupas. As festas que fiz foi pro meu ego, porque quando eu não era nada ninguém me convidava festa nenhuma. Foi um bom dinheiro.
iG: Você tem o pavio curto e sempre foi polêmica. Se arrepende de alguma coisa?
Tati Quebra Barraco: De algumas coisas sim, mas deixa pra lá. Da maioria, não. Hoje conto até dez antes de falar alguma coisa. Mas não aguento desaforo. Bastou olhar pra mim diferente… Aprendi a brigar, dar porrada, com meus três irmãos, sou a única mulher e minha avó é policial. Não tem como eu apanhar de mulher (gargalhadas). Se tiver que bater, bato, mas sou tranquila, não sou maluca.
Tati Quebra Barraco leva o público ao delírio com suas músicas com repertório recheado de sexo, palavrão e letras de duplo sentido. iG:Tem algum medo?Tati Quebra Barraco: Tenho medo de assombração, não gosto de dormir sozinha.
iG: Você já foi convidada para participar de algum reality show? Aceitaria?Tati Quebra Barraco: Participaria sim, mas nunca fui chamada. Quer polêmica? Bota eu lá. Mas acho que eu não ganharia, apesar de que o futuro, só a Deus pertence. Eu entraria com tudo, só não entraria de maiô, entraria de fio dental e, paciência, até mesmo porque quem tá comendo aqui não tá reclamando (gargalhadas).
iG: E gostaria de ser atriz?Tati Quebra Barraco: Atuar não, porque meu mundo não é esse. Não querendo criticar ninguém, mas elas tão indo fu*** pra isso. Tem que dar pra um e pra outro só pra fazer uma pontinha. Minha vida não é essa. Igual quando comecei a cantar: as mulheres vêm, botam roupinha, tiram roupinha, e eu vim com a cara e com a coragem, feia pra car****, cabelo na telha e fiz mais sucesso. Isso que é importante, entendeu? Agora comecei a colocar shortinho porque antes não dava. Os homens iam correr porque a barriga tapava a xereca, tipo assim…
iG: Entre plásticas, lipos, implantes, são mais de 20 cirurgias que você fez. Você ainda faria mais alguma?Tati Quebra Barraco: Mexi em tudo o que você possa imaginar. Agora quero tirar um pouco de peito de novo. Quer saber por quê? Gosto de renovar! Eu não malho, e minhas pernas são de nascença, não é que nem “Mulher Fruta”, não. Tenho mais celulite na bunda, parece que eu fui fuzilada. Mas tudo bem, se não tiver, não é mulher, né? Eu não malho, não, só a vida dos outros (risos), que é muito importante porque malham a nossa. E minha dieta é mocotó, feijoada e rabada.
Com mais de vite plásticas Tati Quebra Barraco exibe uma das partes lipoaspiradas, a barriga. “Não malho e minha dieta é mocotó, feijoada e rabada” iG: Qual foi a sua maior realização até hoje?Tati Quebra Barraco: A minha maior alegria foi cantar no Palácio de Berlim (Alemanha), em 2004. Pra mim foi pica! Teve crítica aqui porque não foram Ivete (Sangalo), Claudinha Leitte, fulano. Foi Tati Quebra Barraco, favelada, enfim. Mas Deus sabe o que faz. Cantei cheia de vergonha porque nunca tinha saído do Brasil, não tinha cachê nem em Nova Iguaçu (RJ) e fui parar em Berlim! Todo mundo gritava e eu pensei que estavam me xingando, mas aí descobri que pediam bis (risos).
Notícias Cristãs com informações do iG