Dr. Fábio Blanco
Ceder, muitas vezes, não significa abrir mão de algo, mas, sim, a concretização plena de seus objetivos. Quando a bancada evangélica anunciou, há algum tempo, que apresentaria um substitutivo ao Projeto de Lei 122/06, preservando as igrejas no direito de expor seus pensamentos acerca da homossexualidade, muitas pessoas comemoraram, quando, na verdade, deveriam lamentar.
Isso porque o sonho dos inimigos do cristianismo não é destruí-lo, mas calá-lo. Aprenderam, com a experiência, que tentar eliminá-lo é fortalecê-lo. Fora assim com os mártires, é assim com a Igreja Perseguida atual. Então, em uma lição aprendida desde o início dos movimentos revolucionários, ficou claro para os inimigos de Cristo que melhor do que tentar acabar com a Igreja, mais eficaz é encerrá-la em seus templos.
A Europa Ocidental, que já iniciou seu inverno cristão, não caminha para a proibição da existência da religião, mas, claramente, tem, de maneira progressiva, a sufocado, hermeticamente, no interior de suas próprias paredes. A China, que há tempos tem experimentado um avivamento espiritual de sua cristandade subterrânea, começa, por meio de seu governo, a cooptar os líderes cristãos, como forma óbvia de bloquear sua influência espiritual sobre o povo. Foi assim, também, em outros movimentos anteriores: mantiveram a igreja formalmente existente, porém com sua voz restrita aos púlpitos.
Aqui, o PLC 122/06 foi apresentado com uma redação extrema, que teria como consequência, caso aprovado, a total proibição da manifestação contrária, onde quer que fosse, ao homossexualismo. No entanto, se engana quem acredita que o plano dos idealizadores dessa lei era, realmente, a proibição total. Não que esse não fosse o sonho utópico dos camaradas anticristãos, mas eles sabem que tal extremo seria um verdadeiro alimento em favor das próprias igrejas.
Por isso, quando se apresenta um projeto desse tipo, o planejamento já prevê a cessão. Como bons comerciantes, sobem o preço ao absurdo, a fim de concretizarem a venda no valor que lhes apraz. No caso, apresentam uma proibição total para, no processo de negociação, chegarem ao que lhes parece ser o ideal possível: a igreja vedada em seus templos.
Entendendo essas coisas, fica evidente que a ação da bancada evangélica no Congresso, principalmente representada anteriormente pelo senador Marcelo Crivella, ao apresentar um substitutivo que apenas preserva a manifestação interna da Igreja, nada faz além de confirmar exatamente o planejamento inicial dos homossexualistas. Nesse caso, a aparente vitória é a mais fragorosa derrota.
Considerando, ainda, que esse senador e outros integrantes da bancada evangélica apoiaram o mesmo governo que promove a agenda gayzista, é possível, sim, levantar a hipótese de que tudo isso não passa de um jogo de cena a fim de agradar o movimento homossexual governista e também agradar (ou enganar) os próprios cristãos.
Portanto, quem vê na ação dos parlamentares evangélicos um grande movimento em defesa da fé e da verdade, pode estar sendo conduzido a festejar a própria condenação e derrota.
No caso, não cabe negociação. Para quem defende a liberdade, a única opção é a oposição completa ao projeto de lei.
Fonte: Discursos de Cadeira
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