PERGUNTE AO PASTOR: Diante do princípio ético do mal menor, o senhor é à favor da política pública federal de distribuição de preservativos no carnaval, por exemplo?
Rev. Antônio Carlos Costa
A política é a arte de administrar a vida na -polis- na cidade. Sua meta é permitir ao homem alcançar o grau mais elevado possível de convívio civilizado com o seu semelhante. Portanto, política é a arte de administrar o caos e botar ordem no hospício. O seu desafio é fazer, nada mais nada menos, que criaturas egoístas vivam em paz umas com as outras.
Todas as decisões que o Estado toma, sendo assim, têm sempre a marca da imperfeição. Os interesses sociais - baseados no amor próprio exagerado que nos é inato -, não permitem que encontremos soluções ideais. Por isso, a necessidade de aplicarmos o princípio do mal menor em muitas das nossas decisões.
Vivemos em sociedades pluralistas. Nem todos têm os mesmos valores e crenças. O desafio não é pequeno: fazer seres - que vivem em função de si mesmos e diferentes - viver em harmonia social. Isso requer negociação, diálogo, persuasão, paciência, entre tantas outras ações mais.
A prostituição é algo bom? Dignifica o ser humano? Não. Pergunto: Dá para acabar com ela? Haveria espaço no sistema prisional brasileiro para todas as prostitutas? E quanto aos usuários de maconha? Em que cárcere colocaríamos praias inteiras do Rio de Janeiro? O que falar de uma religião que pede do homem sacrifício de animal, o leva a crer numa legislação cósmica impessoal que impinge sofrimentos dos quais não deve ser estimulado a evitar, porque é o seu carma: dá para proibir? Há como legislar sobre consciência religiosa em todos os casos?
Respondendo à sua pergunta. É possível esperar que milhares de pessoas que - vivem numa sociedade que há quase 50 anos passou por uma revolução sexual -, não pratiquem o intercurso sexual, numa época do ano, em que todos são estimulados à ingestão de bebida alcoólica, samba e sexo? É imoral o Estado se antecipar a problemas que inevitavelmente ocorrerão, a fim de salvar vidas?
Só um moralismo irresponsável, divorciado do seu tempo e desconhecedor da natureza humana, para proibir a distribuição de algo que pode preservar vidas, apesar de estimular os seres humanos à prática do sexo sem amor. A vida preservada, pode um dia vir a descobrir que, sexo e respeito à dignidade humana não devem ser separados.
Todas as decisões que o Estado toma, sendo assim, têm sempre a marca da imperfeição. Os interesses sociais - baseados no amor próprio exagerado que nos é inato -, não permitem que encontremos soluções ideais. Por isso, a necessidade de aplicarmos o princípio do mal menor em muitas das nossas decisões.
Vivemos em sociedades pluralistas. Nem todos têm os mesmos valores e crenças. O desafio não é pequeno: fazer seres - que vivem em função de si mesmos e diferentes - viver em harmonia social. Isso requer negociação, diálogo, persuasão, paciência, entre tantas outras ações mais.
A prostituição é algo bom? Dignifica o ser humano? Não. Pergunto: Dá para acabar com ela? Haveria espaço no sistema prisional brasileiro para todas as prostitutas? E quanto aos usuários de maconha? Em que cárcere colocaríamos praias inteiras do Rio de Janeiro? O que falar de uma religião que pede do homem sacrifício de animal, o leva a crer numa legislação cósmica impessoal que impinge sofrimentos dos quais não deve ser estimulado a evitar, porque é o seu carma: dá para proibir? Há como legislar sobre consciência religiosa em todos os casos?
Respondendo à sua pergunta. É possível esperar que milhares de pessoas que - vivem numa sociedade que há quase 50 anos passou por uma revolução sexual -, não pratiquem o intercurso sexual, numa época do ano, em que todos são estimulados à ingestão de bebida alcoólica, samba e sexo? É imoral o Estado se antecipar a problemas que inevitavelmente ocorrerão, a fim de salvar vidas?
Só um moralismo irresponsável, divorciado do seu tempo e desconhecedor da natureza humana, para proibir a distribuição de algo que pode preservar vidas, apesar de estimular os seres humanos à prática do sexo sem amor. A vida preservada, pode um dia vir a descobrir que, sexo e respeito à dignidade humana não devem ser separados.
Rev. Antônio Carlos Costa é pastor da Igreja Presbiteriana da Barra,
presidente do Rio de Paz e colaborador do Genizah
presidente do Rio de Paz e colaborador do Genizah